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Nossos lábios atrai a um bem divino:
Da amante o beijo é puro como as flores
E dela a voz é doce como um hino.
 
Dizei-o vós, dizei, ternos amantes,
Almas ardentes que a paixão palpita,
Dizei essa emoção que o peito gela
E os frios nervos num espasmo agita.
 
Vinte anos! como tens doirados sonhos!
E como a névoa de falaz ventura
Que se estende nos olhos do poeta
Doira a amante de nova formosura!
 

O POETA

Que gemer! não me enganava!
Era o anjo que velava
Minha casta solidão?
São minhas noites gozadas
E as venturas choradas
Que vibram meu coração?
 
É tarde, amores, é tarde:
Uma centelha não arde
Na cinza dos seios meus...