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A N... é uma dessas moças de cabellos d’oiro e de olhos côr de céo, de faces de rosa e fronte de neves, que parecem a quem as contempla anjos esquecidos na terra a sonhar gozos de outra vida. A certa distancia, entre duas luzes, seria uma imagem de Santa — um desses ideais de madeixas loiras de poeta — uma dessas Sylphides que nas noites de luar vagueiâo entre as neblinas á meia noite a dansarem nas relvas dos pincaros da Caledonia — uma dessas phantasiadas bellezas de Ossian — um desses anjos de Moore, desses anjos formosos que nos tempos primeiros du mundo amárão com amor de anjo as virgens da terra, de tão bellas que as achárão. Porém vista de mais perto esváe-se o encanto. O anjo torna-se mulher.

A outra — a Q..., se não é uma belleza, lembra esses ideais poeticos dessas virgens frageis, desses lyrios do valle que um sopro lança em terra; é uma cópia da Magdalena do Dumas — não te lembras? — Também é loira, mas seus cabellos pendem mais para castanhos; seus olhos são pardos; sua tez é pallida. A’s vezes, no ardor das dansas, no prazer da conversação, ou no cansaço, suas faces se rosèão e ficão como duas largas petalas de rosa.

O corpo da N... é corpo de mulher (tu me entendes): apezar de não ser alta, é bastante cheia de corpo, sem sel-o comtudo em demasia. A Q... não c delicada, é fra-