Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v1.djvu/86

Tinha uns olhos que choravam,
Tinha uns risos que encantavam!
Ai meu Deus! era tão bela.
 
Um anjo d'asas azuis,
Todo vestido de luz,
Sussurrou-lhe num segredo
Os mistérios doutra vida!
E a criança adormecida
Sorria de se ir tão cedo!
 
Tão cedo! que ainda o mundo
O lábio visguento, imundo,
Lhe não passara na roupa!
Que só o vento do céu
Batia do barco seu
As velas d'ouro da poupa!
 
Tão cedo! que o vestuário
Levou do anjo solitário
Que velava seu dormir!
Que lhe beijava risonho
E essa florzinha no sonho
Toda orvalhava no abrir!
 
Não chorem! lembro-me ainda