eu vinha só dizer-te adeus! da borda do meu túmulo; e depois contente fecharia eu mesma a porta dele... Artur, eu vou morrer!
Ambos choravam.
— Agora vê, continuou ela. Acompanha-me: vês aquele homem?
Arnold tomou a lanterna.
— Johann! morto! sangue de Deus! quem o matou?
— Giorgia! Era ele um infame. Foi ele quem deixou por morto um mancebo a quem esbofeteara numa casa de jogo. Giorgia — a prostituta! vingou nele Giorgia — a virgem! Esse homem foi quem a desonrou! desonrou-a, a ela que era sua... irmã!
— Horror! horror!
E o moço virou a cara e cobriu-a com as mãos.
A mulher ajoelhou-se a seus pés.
— E agora adeus! adeus que morro! Não vês que fico lívida, que meus olhos se empanam e tremo... e desfaleço?
— Não! eu não partirei. Se eu vivesse amanhã haveria uma lembrança horrível em meu passado...
— E não tens medo? Olha! é a morte que vem! é a vida que crepúscula em minha fronte. Não vês esse arrepio entre minhas sobrancelhas?...
— E que me importa o sonho da morte? Meu porvir amanhã seria terrível: e à cabeça apodrecida do cadáver não ressoam lembranças; seus lábios gruda-os a morte; a campa é silenciosa. Morrerei!