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Anjo maldito salpicou veneno
Nos lábios que tressuam de ironia.
 
É formosa contudo. Há dessa imagem
No silêncio da estátua alabastrina
Como um anjo perdido que ressumbra
Nos olhos negros da mulher divina.
 
Há nesse ardente olhar que gela e vibra,
Na voz que faz tremer e que apaixona
O gênio de Satã que transverbera,
E o langor pensativo da Madona!
 
É formosa, meu Deus! Desde que a vi
Na minh'alma suspira a sombra dela...
E sinto que podia nesta vida
Num seu lânguido olhar morrer por ela.