Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v3.djvu/14

Rápidos foram seus progressos nos primeiros ramos dos conhecimentos humanos, o laurel de bacharelem letras pelo imperial Colégio de Pedro II lhe ornou a fronte, infantil ainda e os primeiros lampejos do gênio começarão a sair daquele cérebro inspirado.

E voltou-a S. Paulo a conquistar a carta de bacharel em direito.

Foi aí que lhe nascerão a maio parte dessas composições admiráveis, desses rasgos estrepitosos do gênio; foi aí que ilustrou o espírito e viu incendiada a imaginação na leitura aturada, constante, refletida e sisuda dos principais clássicos — poetas e prosadores da literatura francesa inglesa, alemã e italiana; foi aí que se inspirou no incessante meditar da Bíblia, de Ossian, de Lamartine, de Shakespeare, de Tasso, de Goethe, de Uhland, de Chénier e sobretudo do Byron inimitável, companheiro constante de suas noites de ardente insônia, de seus dias passados no silêncio do gabinete. Foi nesses poetas brilhantes ou sombrios, nessas leituras fantásticas e tristes, no delirar do Dante e nos gritos de desespero de Gilbert, que adquiriu Álvares de Azevedo essa eloqüência apaixonada, essa linguagem tão do coração, esse estilo melancólico, impregnado de doce suavidade, de arrebatamentos delirosos, que tanto impressionam a quem os lê.

Como tanto escreveu o em tão pouco tempo, para nós é mistério