Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/203

Pareceu converter-se todo em ouro.
Não vou buscar no meu invento o agouro,
Nem creio que este o Itamonte seja,
Mas sei que a língua pátria, se deseja
Explicar sempre em tudo a natureza,
De Itá nome lhe deu, e na rudeza
Do Gentio talvez, que hoje alterado,
O nome Curumim lhe seja dado.

Itá é nome pátrio (diz Garcia,
Que apenas sua dor n'alma alivia),
Este o Gentio a toda a pedra estende;
O esperado Itamonte em vão se entende
Na confusão das Serras e dos montes,
Que assombram todos estes horizontes.

Eu também discorrera de outra Serra
O mesmo que Faria, aonde a guerra
De feroz Botecudo inda me assusta,
Mas pouco à conjectura se me ajusta
Toda a confrontação (disse Camargo).

É deste continente o Sertão largo
(Dizia Bueno), o Lago, a Serra, o Rio,
Espalhado por tudo o infiel Gentio,
Não deixam à notícia cousa certa,
Onde possa entender-se descoberta
A terra que buscamos. Nela intento
(Albuquerque tornava) o fundamento
Erguer da Capital; de penha empenha
Andarei, se a Fortuna o não desdenha,
Té descobrir o Monte e o Rio, aonde
Tão grande maravilha o Céu me esconde.
Prosseguira o Herói, mas o embaraça
Descobrir desde longe a vista escassa
Brioso Cavaleiro, que seguido