Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/218

Como é crível que o façam), que destino
Tão triste para nós! Eu imagino
Que não sois Europeus: a vossa glória
Acabou de uma vez para a memória.
Virá, eu vejo, o Montanhês tirano,
Roubará nossos bens, irá ufano
Contar aos nacionais seu vencimento;
Albuquerque, eu o vejo, em nobre aumento
Fará brilhar a Lusa Monarquia;
Nós lhe daremos nova glória um dia.
Eia, Europeus briosos, eia amigos,
Vejam-se os ódios respirar antigos.
Torne, torne de nós a ser lembrada
De Dom Fernando a fresca retirada;
Venha em memória de Rodrigo o caso;
E ou em falsa traição, ou campo raso
Ataque-se Albuquerque, fuja e leve
De uma vez, pois que a tanto hoje se atreve
O desengano da ousadia sua.

Assim fala Menezes: continua
A propagar Conrado o ímpio partido,
Que de acordo comum têm concebido.
Derrama-se o veneno e vai chegando
Aos corações de muitos, avivando
As imagens da antiga rebeldia.
Já um número grande concilia
De atrevidos o Frade: estão dispostos
A disputar a entrada; ao Herói opostos,
Se querem sustentar na liberdade;
Francisco, o vil Francisco os persuade
A viverem seguros nos protestos
Firmados com Viana: de funestos
Agouros ao Paulista se enche tudo.

Eis do sulfúreo pó, do ferro agudo
Se buscam munições. A arte, o engenho
(