Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/222

Eis que outros homens de semblantes feros
Contra os Conquistadores já severos
Os fazem despejar desde os seus lares;
Disperso o sangue se recolhe em mares;
Família, e armas, cabedais, e tudo
Cede aos avaros, que do ferro agudo
Fazem despojo à fugitiva gente.
Ao som da caixa o vidro transparente
Retrata logo em monstruoso vulto
Correndo à rédea solta a todo o insulto
Confusa multidão, que se prepara
Arrogar-se o Governo e emprende avara
Sustentar com seu sangue o roubo indigno;
De um Chefe os rege o coração maligno,
Bem que se justifique na aparência
De um influxo de zelo e de prudência.
Desde o cume de um monte está voltando
As costas um Guerreiro, que domando
A insígnia traz na mão; segue seus passos
O resto desses míseros, que aos laços
Dos ímpios escapara; tem a morte
Presente aos olhos; e na dúbia sorte
Escolhe de outras forças redobrar-se,
Té que chega a ocasião de vindicar-se
O respeito, que em vão aos maus intima.
Passavam outros vultos, quando em cima
De um soberbo cavalo vem montado
O mesmo Herói, o Herói que está pasmado
De se ver a si próprio: ao longe um pico
Desde uma serra o convidava ao rico
País, que assombra o bárbaro Itamonte
Co'a robusta presença: tem defronte
O demandado Rio, que já vira,