Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/236

Fazem desta disputa assaz ligeira;
Seguiremos a máxima grosseira
Dos espíritos vis, que têm formado
Nestas Minas um corpo levantado?
Acaso um mesmo Rei nos não protege?
Uma só Lei a todos nos não rege?
Do tronco português não é que herdamos
O sangue de que as veias animamos?
Não faz comuas um Vassalo as glórias
Do seu Rei? Do seu Reino? Das vitórias
Que um ganha, o outro perde, não alcança
A todos o infortúnio ou a bonança?
Somos nós dessa estirpe, que brotara
Do antigo Cadmo a bárbara seara,
Onde uns irmãos com outros pelejando
O ferro no seu sangue estão banhando?
Árbitro entre vós outros me conheço,
Do Europeu, do Paulista faço apreço,
E distinguindo em todos a virtude
Não espereis que de projeto mude.
Não faz a Pátria o Herói, nascem de Aldeias
Almas insignes, de virtudes cheias;
E nem sempre na Corte nobre e clara
Ingênua série, portentosa e rara
Se vê de corações, que resplandecem
Pela glória somente, e nela crescem

Dizia; e ao mesmo passo de Pereira
Um aviso chegava, de onde inteira
Informação o Herói já recebia
Da sacrílega, ousada rebeldia.
Sabe que ao longe os montes estão cheios
Dos conjurados Chefes; nisto os meios
Consulta de passar; e tem presente
A imagem, que no vidro transparente