Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/267

Vendo nos recamados fios de ouro
Que o Sol retrata ali o seu tesouro.

Desta arte entrando vai na Régia Sala,
Senta-se, mede a todos, e assim fala:
Felizes vós, feliz também eu devo
Chamar-me neste dia, pois que escrevo
Com letras de ouro o meu, e o nome vosso.
Entre as vitórias e entre as palmas posso
Seguro descansar: enfim caída
Vejo de todo a rebeldia erguida,
E Vassalos de um Rei, que mais vos ama,
Buscais acreditar a vossa fama
Com o dote imortal, que a Nação preza,
De uma fidelidade portuguesa.
De meus antecessores longe o susto;
Goze-se a doce paz, e um trato justo
De amizade e de fé, de hoje em diante
Acabe de apagar o delirante,
Fanático discurso, que inda excita
De algum Vassalo a dor; não se limita
O Régio Braço: a todos se dilata,
A todos favorece, acolhe, e trata
Sem outra distinção mais do que aquela
Que demanda a virtude ilustre e bela.

Disse; e solenizando a ação, procura
Se lavre logo a sólida escritura,
Onde o foral da Vila se establece.
Entanto o pátrio Gênio lhe oferece,
Por mão de destro artífice pintadas
Nas paredes, as férteis, dilatadas
Montanhas do País; e aqui lhe pinta,
[Por ordem natural, clara e distinta]
A diferente forma