I


Já não sei o que vale a nova idea,
Quando a vejo nas ruas desgrenhada,
Torva no aspecto, á luz da barricada,
Como bacchante após lubrica ceia…

Sanguinolento o olhar se lhe incendeia;
Respira fumo e fogo embriagada:
A deusa de alma vasta e socegada
Eil-a presa das furias de Medea!

Um seculo irritado e truculento
Chama á epilepsia pensamento,
Verbo ao estampido de pelouro e obuz…

Mas a idea é n'um mundo inalteravel,
N'um crystallino céo, que vive estavel…
Tu, pensamento, não és fogo, és luz!