Perpassa Feres, Élide costeia,
De Epeus domínio; entre ilhas eriçadas
Voga dali, da morte ou vida incerto.

Na choça entanto o herói com seus pastores
Ceava, e após sondou se Eumeu queria230
Inda mantê-lo: «Agora a vós me explico.
Tenciono de manhã de porta em porta,
Por não vos ser pesado, ir ás esmolas;
Fiel guia hei mister para a cidade,
A mendigar meu pão sou constrangido.235
Vou dar noticias do divino Ulysses
Á modesta Penélope, e o sustento
Pedir aos soberbões, que o têm de sobra.
Servi-los-ei; pois, graças a Mercurio
Que honra e prospera as obras, to assevero,240
Ninguém melhor o fogo arruma ou poupa,
Racha lenha, cozinha, assa, escanceia:
Primo no que o pequeno ao grande presta.»

E o porqueiro indignado: «Enloqueceste?
Projeto ymphausto! Se perder-te anseias,245
Busca essa corja desdenhante e ingrata,
Cuja violencia o férreo céo penetra.
Não como tu, sim bem trajados moços,
Louçãos de ungida coma, lhes ministram
Vinho e manjares na profusa mesa.250
Fica, a mim nem aos socios enfastias;
Venha Telemacho, e terás vestidos
E os meios de partir, como é teu gosto.»

Paciente o Laércio: «Ao rei dos numes,
Quanto me és caro, Eumeu, dileto sejas,255
Pois de tamanho peso me alivias!
Nada há pior que errar sem domicilio:
Flagela ao triste o vitupério, a fome
O rói e abate, e o pungem mil desgostos.
Já que esperar Telemacho me ordenas,260
Da mãe de Ulysses, de seu pai me informes,
Da velhice deixado ás negras portas:
Gozam do Sol, ou do Orco estão nas sombras?»

Franco Eumeu: «Vivo o pai, morte ao Supremo
Roga, dês que a mulher, do ausente filho265