Para a divina empresa: hão de Minerva
E o providente Jove conturbal-os.
E se és meu sangue, filho, em ti sepultes
Este arcano; de Ulysses ninguém saiba.
Laertes, o pastor, qualquer dos servos,230
Nem Penélope mesma. Só tentemos
O pensar das mulheres; qual dos nossos
Nos respeita e aprecia; de seus amos
Qual ingrato se esquece e te honra pouco.»

E o filho: «Ó pai, conhecerás, espero,235
Que nem cobarde sou, nem leviano:
Mas julgo, e tu reflitas, que a nós ambos
É dúbio o lance. Ao passo que examines
Os servos um por um, de prédio em prédio,
Os tais sem dó nem pejo a casa esbanjam.240
Das mulheres, concordo, é bom que indagues,
Das ruins que teus lares enxovalham:
Quanto aos homens, difere até que acene,
Se teu acenar, o egípero Satúrnio»

Entretanto, abordava a nau remeira245
Que trouxera a Telemacho de Pilos;
Em seco e desarmada, os da equipagem
De Clito em casa os ricos dons puseram.
Á prudente rainha arauto expedem
A annunciar que o filho, já no campo,250
Os mandava vogar para a cidade;
E a mãe suspenda os prantos e os temores:
O arauto e Eumeu se encontram no caminho.
Do rei divino ao pórtico chegados,
O arauto grita em público: «Senhora255
Veio o caro Telemacho.» Em voz baixa
Expondo Eumeu do príncipe o recado,
Sai do recinto e a seus currais se torna.

Mestos os pretendentes, ante as portas
Sentam-se externas. De Pólibo o nado260
Eurímaco encetou: «Cumpriu-se, amigos,
Plano audaz que julgávamos falhasse,
E regressou Telemacho: esquipemos
Outro lesto baixel que advirta os socios.»

E vôlto ao mar Anfínomo, um navio265