Para encobrir nas morenadas faces
As lágrimas que a pares borbulavam.
No intervalo da música, as enxuga
E desce o manto, liba ás divindades
Na bicôncava taça; quando, a rogos70
Dos que a toada e a letra enamorava,
O bom cego as repete, o herói suspira
E, tornando a embuçar-se, esconde o choro.

Junto, o percebe o rei: «Feaces, basta.
Nós, de iguarias cheios e de acorde,75
Glória e adorno da mesa, ao foro andemos:
Narre o estrangeiro aos seus quanto habeis somos
Em luta e pugilato, em salto e curso.»

Marcha, e os grandes com ele; ao prego a lira
Suspende o arauto, e á cola guia o cego80
Dos que iam divertir-se nos certames,
De infinita caterva acompanhados.
Jovens de pulso, Anquíalo, Acronio,
Nautes, Elatreu, Ocíalo, se ergueram,
Pronteu, Proreu, Toon, Prines, Eretemes,85
Anabesinco, Anfíalo progênie
De Polineu Tectômides; nem faltam
O igual de Marte Euríalo, o formoso
E esbelto Naubólides mais que todos,
Fora o guapo Laodamas; este alçou-se90
Também com seus irmãos, de Alcino ramos,
Hálio gentil e Clitoneu galhardo.

Começam pelo curso, e da barreira
Entre nuvens de pó rápidos voam:
Quanto um pousio arando excedem mulas95
A bois tardonhos, Clitoneu bizarro
Pretere os outros e regressa ao povo.
Anfíalo em saltar, no disco Elatreu,
Vence Euríalo os mais na acerba luta,
Na punhada Laodamas, que no meio100
Do regozijo brada: «Amigos, vinde,
Perguntemos se o hospede é nos jogos
Exercitado: o corpo tem fornido,
Pernas, coxas, pescoço, espáduas, punhos;
Inda é verde, sofresse embora há pouco105