zia, deu um encontrão á porta, para verificar se ella estaria bem fechada, e depois olhou para D. Luiz.
— Vamos — disse este.
O padre ia pôr-se a caminho, mas parou vendo o fidalgo seguir a direcção opposta á da quinta dos Bacellos.
— V. exc.ª por onde vae?
— Por aqui — respondeu sêcamente o fidalgo, continuando a andar.
— Mas... v. exc.ª está enganado. Esse não é o caminho.
— Bem sei.
O padre seguiu-o, murmurando contra as venêtas do fidalgo:
— Esta cabeça já não regula direita. Onde diabo quer ir este homem?
O caminho que D. Luiz continuava a seguir, ia tão divergente do que o padre esperava, que outra vez o interpellou:
— Mas v. exc.ª onde quer ir?
— A casa do Thomé da Povoa — respondeu D. Luiz e acrescentou: — E advirto-lhe, frei Januario, que não me sinto com disposições para conversar.
O padre sabia que sempre que D. Luiz fazia certas observações em certo tom e com certa inflexão de voz, era inutil e imprudente contrarial-o. Por isso calou-se, o que augmentou o mau humor que já trazia accumulado.
— A casa do Thomé da Povoa! — resmungava elle — O homem está doido! Ora isto! E eu a atural-o! O que me estava reservado!
A intenção com que o fidalgo demandava a casa do fazendeiro era um mysterio indecifravel para o espirito do procurador.
Tinham descido a encosta, a meio da qual se erguia a Casa Mourisca. Aproximavam-se da ponte que atravessava o valle. A tarde ia no fim. Era já a claridade do crepusculo que illuminava a paisagem. A azafama do trabalho acalmára. Nos marcos dos campos, á soleira das portas e nos parapeitos das pontes repoisavam finalmente os lavradores das fadigas do dia. O gado ca-