-31-


E, sem poder conter-se, collocou-se elle proprio á frente dos bois, e encaminhou o carro na direcção conveniente.

--Vocês juraram dar-me cabo dos limoeiros. Olhe que tenho tido limões este anno, que é uma coisa por maior, snr. Jorge--disse elle, regressando ao seu posto com um enorme limão, que mostrava com orgulho.

Luiza voltou com uma cadeira para offerecer a Jorge.

--Como está crescido e fero--dizia ella, olhando-o com curiosidade e complacencia--e o mano como vae? Vi-o ha dias passar a cavallo alli na ponte do Giestal. Pareceu-me bom.

--E como está seu pae, snr. Jorge?--perguntou Thomé gravemente.

Jorge ia respondendo a estas perguntas e seguindo o movimento dos criados da lavoura, a quem de quando em quando Thomé dava ordens e fazia recommendações, que entremeiava na conversa, sem perder o fio d'esta.

Luiza, com o filho ao collo, não abandonou tambem a scena, senão quando o sino da igreja parochial bateu as tres badaladas que recordam aos fieis a oração do meio dia. O trabalho na eira e no quinteiro suspendeu-se como por encanto. Os homens descobriram-se a fazer uma curta reza, no fim da qual a mulher de Thomé, depois de dar aos presentes as boas tardes, disse, seguindo o caminho de casa:

--Venham jantar.

Todos obedeceram immediatamente á agradavel ordem, e em pouco tempo ficou só e silenciosa a scena, havia pouco tão ruidosa e animada.

--São horas do seu jantar, Thomé--disse Jorge, levantando-se para sahir.

--Depois d'esta gente acabar, é que eu principio. A Luiza não póde attender a todos a um tempo. Deixe-se o menino estar. Eu não lhe offereço do meu jantar, porque não é feito para si; mas se quizer dar uma volta por os campos emquanto elles jantam...

--Se lhe não causar incommodo...

--Nenhum; até preciso de ir vêr o que elles hoje trabalharam no poço que mandei abrir lá em baixo.

E empurrando a porta, que dava para as outras par-