— Que é o que quer, frei Januario? — perguntou D. Luiz desabridamente.
O padre continuou a aproximar-se do leito e respondeu melifluamente:
— Os filhos de v. exc.ª, os snrs. D. Jorge e D. Mauricio, pedem licença para lhe fallarem.
D. Luiz fez um movimento de impaciencia.
— Que me querem elles?
O padre encolheu os hombros.
— Não posso dizer a v. exc.ª, porque eu mesmo não o sei.
— Que lhes não fallo agora — respondeu em tom sacudido o fidalgo. Mas ao voltar-se deu com os olhos no rosto de Bertha, que insensivelmente revelou n′elle o desprazer com que ouvira aquella resposta.
O padre ia a retirar-se com o recado, quando ouviu D. Luiz dizer:
— Mas não poderei saber o que é que me querem os senhores meus filhos?
O padre parou, esperando uma ordem definitiva.
Bertha, que estava alizando uma das travesseiras em que o padrinho se encostava, murmurou, como a gracejar:
— A melhor maneira de ficar sabendo é ouvil-os.
D. Luiz encolheu os hombros, como a exprimir o pouco valor que suppunha á conferencia pedida, mas disse ao padre:
— Diga-lhes que entrem.
Estava finalmente revogada a sentença que votára ao ostracismo os dois filhos do fidalgo. O coração do velho sentia-se muito brando n′aquelle momento para conservar rancores. A influencia de Bertha principiava a actuar.
A negrura dos delictos de que até alli accusára os filhos, dir-se-ia que a dissipára um sorriso da afilhada.
Jorge e Mauricio entraram pouco tempo depois no quarto, descobertos ambos, e com aquelle ar de respeito que sempre lhes impunha a presença do pae.
Bertha sentiu que se lhe sobresaltava o coração, ao