Villaça já sabia.
— Ah já sabe? Lembras-te viscondessa? Com a Macedo, do acto de contricção...
A viscondessa suspirou, erguendo um olhar mudo ao ceu atravez do tecto.
— Horroroso! continuou D. Anna. A pobre mulher chegou lá a nossa casa embuchada... E eu fez-me impressão. Até sonhei com aquillo tres noites a fio...
Calou-se um momento. Villaça, embaraçado, acanhado, fazia girar a caixa de rapé nos dedos, com os olhos postos no tapete. Outro langor de somnolencia passou na sala; D. Eugenia, com as palpebras pesadas, fazia de vez em quando uma malha molle no crochet; e a noiva de Carlos, estirada para o canto do sophá, já dormia, com a boquinha aberta, os seus lindos cabellos negros caindo-lhe pelo pescoço.
D. Anna, depois de bocejar de leve, retomou a sua idéa:
— Sem contar que o pequeno está muito atrazado. A não ser um bocado de inglez, não sabe nada... Nem tem prenda nenhuma!
— Mas é muito esperto, minha rica senhora! accudiu Villaça.
— É possivel, respondeu seccamente a intelligente Silveira.
E, voltando-se para Euzebiosinho, que se conservava ao lado d’ella, quieto como se fosse de gesso:
— Oh filho, dize tu aqui ao sr. Villaça aquelles lindos versos que sabes... Não sejas atado, anda!... Vá, Euzebio, filho, sê bonito...