OS MAIAS
109

Oh Villaça vem ver! O vovô, pelo amor de Deus! Tem uma cara tão engraçada! Mas depressa, depressa, que a coruja velha póde dar pela falta!...

E impaciente com a lentidão risonha do vôvo, tanta indifferença pela inquietação da coruja velha, abalou atirando com a porta.

— ­Que bom coração! exclamou o Villaça commovido. A pensar nas saudades da coruja... A mãe d’elle é que não tem saudades! Sempre o disse, é uma fera!

Afonso encolheu tristemente os hombros. Iam já no corredor quando elle, parando um momento, baixando a voz:

— ­Tem-me esquecido de lhe contar, Villaça, o Carlos sabe que o pae que se matou...

Villaça arredondou os olhos d’espanto. Era verdade. Uma manhã entrara-lhe pela livraria, e dissera-lhe: — ­ó vovô, o papá matou-se com uma pistola! — ­Naturalmente algum creado que lh’o contara...

— ­E vossa excellencia?

— ­Eu... Que havia de fazer? Disse-lhe que sim. Em tudo tenho obedecido ao que Pedro me pediu, n’essas quatro ou cinco linhas da carta que me deixou. Quiz ser enterrado em S.ta Olavia, ahi está. Não queria que o filho jámais soubesse da fuga da mãe; e por mim, de certo, nunca o saberá. Quiz que dois retratos que havia d’ella em Arroios fossem destruidos; como você sabe, obtiveram-se e destruiram-se. Mas não me pedio que occultasse ao rapaz o seu fim. E por isso, disse ao pequeno a verdade: disse-