OS MAIAS
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— ­Não sei. O Villaça é que deve saber...

E Ega, com as mãos enterradas nos vastos bolsos da pelliça, inventariando o gabinete, fazia considerações:

— ­O velludo dá seriedade... E o verde escuro é a côr suprema, é a côr esthetica... Tem a sua expressão propria, enternece e faz pensar... Gosto d’este divan. Movel de amor...

Foi entrando para a sala dos doentes, de vagar, de luneta no olho, estudando os ornatos.

— ­Tu és o grandioso Salomão, Carlos! O papel é bonito... E o cretonesinho agrada-me.

Apalpou-o tambem. Uma begonia, manchada da sua ferrugem de prata, n’um vaso de Rouen, interessou-o. Queria saber o preço de tudo; e diante do piano, olhando o livro de musica aberto, as Canções de Gounod, teve uma surpreza enternecida:

— ­Homem, é curioso... Cá me apparece! A Barcarolla! É deliciosa, hein?...

Dites, la jeune belle,
Ou voulez-vous aller?
La voile...

Estou um bocado rouco... Era a nossa canção na Foz!

Carlos teve outra exclamação, e crusando os braços diante d’elle:

— ­Tu estás extraordinario, Ega! Tu és outro Ega!... A proposito da Foz... Quem é essa Madame Cohen, que estava tambem na Foz, de quem tu, em cartas successivas, verdadeiros poemas, que recebi em Berlin,