OS MAIAS
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e has de vir a acabar desgraçadamente como elle, n’uma tragedia infernal!

Esvasiou outro copo de Champagne, e a grandes passadas pela sala:

— ­Carlinhos da minha alma, é inutil que ninguem ande á busca da sua mulher. Ella virá. Cada um tem a sua mulher, e necessariamente tem de a encontrar. Tu estás aqui, na Cruz dos Quatro Caminhos, ella está talvez em Pekin: mas tu, ahi a raspar o meu reps com o verniz dos sapatos, e ella a orar no templo de Confucio, estaes ambos insensivelmente, irresistivelmente, fatalmente, marchando um para o outro!... Estou eloquentissimo hoje, e temos dito cousas idiotas. Toca a vestir. E, em quanto eu adorno a carcassa, prepara mais phrases sobre Satanaz!

Carlos ficou na sala verde, acabando o charuto — ­em quanto dentro o Ega batia com as gavetas, lançando, a todo o desafinado da sua voz roufenha, a Barcarolla de Gounod. Quando appareceu, vinha de casaca, gravata branca, enfiando o paletot — ­com o olho brilhante do Champagne.

Desceram. O pagem lá estava á porta perfilado, ao pé do coupé de Carlos, que esperara. E a sua fardeta azul de botões amarellos, a magnifica parelha baia reluzindo como um setim vivo, as pratas dos arreios, a magestade do cocheiro louro com o seu ramo na libré, tudo alli fazia, junto da «Villa Balzac», um quadro rico que deleitou o Ega.

— ­A vida é agradavel, disse elle.

O coupé partiu, ia entrar no largo da Graça,