agora o aroma forte das chartreuses e dos licores por entre a nevoa alvadia do fumo.
Carlos e Craft, que abafavam, foram respirar para a varanda; e ahi recomeçou logo, n’aquella communidade de gostos que os começava a ligar, a conversa da rua do Alecrim sobre a bella collecção dos Olivaes. Craft dava detalhes; a cousa rica e rara que tinha era um armario hollandez do seculo XVI; de resto, alguns bronzes, faianças e boas armas...
Mas ambos se voltaram ouvindo, no grupo dos outros, junto á meza, estridencias de voz, e como um conflicto que rompia: Alencar, sacudindo a grenha, gritava contra a palhada philosophica; e do outro lado, com o calice de cognac na mão, Ega, pallido e affectando uma tranquillidade superior, declarava toda essa babuge lyrica que por ahi se publica digna da policia correccional...
— Pegaram-se outra vez, veiu dizer Damaso a Carlos, approximando-se da varanda. É por causa do Craveiro. Estão ambos divinos!
Era com effeito a proposito de poesia moderna, de Simão Craveiro, do seu poema a Morte de Satanaz. Ega estivera citando, com enthusiasmo, estrophes do episodio da Morte, quando o grande esqueleto symbolico passa em pleno sol no Boulevard, vestido como uma cocotte, arrastando sedas rumorosas
«E entre duas costellas, no decotte,
Tinha um bouquet de rosas!»
E o Alencar, que detestava o Craveiro, o homem da Idéa nova, o paladino do Realismo, triumphara,