Carlos, vendo-o tão excitado, tornou-lhe o braço, quiz calmal-o:
— Então, Alencar! Que tolice... Isso vale lá a pena!...
O outro desprendeu-se, arquejante, desabotoou a sobrecasaca, soltou o ultimo desabafo:
— Com effeito, não vale a pena ninguem zangar-se por causa d’esse Craveirote da Idéa nova, esse caloteiro, que se não lembra que a porca da irmã é uma meretriz de doze vintens em Marco de Canavezes!
— Não, isso agora é de mais, pulha! gritou Ega, arremeçando-se, de punhos fechados.
Cohen e Damaso, assustados, agarraram-n’o. Carlos puchara logo para o vão da janella o Alencar que se debatia, com os olhos chammejantes, a gravata solta. Tinha cahido uma cadeira; a correcta sala, com os seus divans de marroquim, os seus ramos de camelias, tomava um ar de taverna, n’uma bulha de faias, entre a fumaraça de cigarros. Damaso, muito pallido, quasi sem voz, ía d’um a outro:
— Oh meninos, oh meninos, aqui, no Hotel Central! Jesus!... Aqui no Hotel Central!...
E, d’entre os braços do Cohen, Ega berrava, já rouco:
— Esse pulha, esse covarde... Deixe-me, Cohen! Não, isso hei de esbofeteal-o!... A D. Anna Craveiro, uma santa!... Esse calumniador... Não, isso hei de esganal-o!...
Craft, no entanto, impassivel, bebia aos golos a sua chartreuse. Já presenceára, mais vezes, duas litteraturas rivaes engalphinhando-se, rolando no chão, n’um