OS MAIAS
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babando-se, balbuciando — ­«que queria ser bastardo, que queria que a mamã fosse uma marafona!...»

E elle mal podera dormir essa noite, com a idéa d’aquella mãe, tão outra do que lhe haviam contado, fugindo nos braços d’um desterrado — ­um polaco talvez! Ao outro dia, cedo, entrava pelo quarto do Ega, a pedir-lhe, pela sua grande amisade, a verdade toda...

Pobre Ega! Estava doente: fez-se branco como o lenço que tinha amarrado na cabeça com pannos de agua sedativa: e não achava uma palavra, coitado! Carlos, sentado na cama, como nas noites de cavaco, tranquillisou-o. Não vinha alli offendido, vinha alli curioso! Tinham-lhe occultado um episodio extraordinario da sua gente, que diabo, queria sabel-o! Havia romance? Para alli o romance!

Ega, então, lá ganhou animo, lá balbuciou a sua historia — ­a que ouvira ao tio Ega — ­a paixão de Maria por um principe, a fuga, o longo silencio d’annos que se fizera sobre ella...

Justamente as ferias chegavam. Apenas em S.ta Olavia, Carlos contou ao avô a bebedeira do Ega, os seus discursos doidos, aquella revelação vinda entre arrotos. Pobre avô! Um momento nem poude fallar — ­e a voz por fim veiu-lhe tão debil e dolente como se dentro do peito lhe estivesse morrendo o coração. Mas narrou-lhe, detalhe a detalhe, o feio romance todo até áquella tarde em que Pedro lhe apparecera, livido, coberto de lama, a cahir-lhe nos braços, chorando