mochilla, aquella patria sagrada dos seus deuses, de Beethoven, de Mozart, de Wagner...
— Não te appetecia mais ir á Italia? perguntou Carlos accendendo o charuto.
O maestro esboçou um gesto de desdem, teve uma das suas phrases sybillinas:
— Tudo contradanças!...
Carlos então fallou de um certo plano de ir á Italia, com o Ega, no inverno. Ir á Italia, para o Ega, era uma hygiene intellectual: precisava calmar aquella imaginação tumultuosa de nervoso peninsular entre a placida magestade dos marmores...
— O que elle precisava antes de tudo era chicote, rosnou o Cruges.
E voltou a fallar do caso da vespera, do famoso artigo da Gazeta. Achava aquillo, como elle dissera, pura e simplesmente insensato, e de uma sabujice indecorosa. E o que o affligia é que o Ega, com aquelle talento, aquella verve fumegante, não fizesse nada...
— Ninguem faz nada, disse Carlos espreguiçando-se. Tu, por exemplo, que fazes?
Cruges, depois de um silencio, rosnou encolhendo os hombros:
— Se eu fizesse uma boa opera, quem é que m’a representava?
— E se o Ega fizesse um bello livro, quem é que lh’o lia?
O maestro terminou por dizer:
— Isto é um paiz impossivel... Parece-me que tambem vou tomar café.