OS MAIAS
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— ­Nós não vamos para a Lawrence, disse Carlos sahindo bruscamente do seu silencio, e espertando os cavallos. Vamos para o Nunes, estamos lá muito melhor!

Era uma idéa que lhe viera de repente, apenas passara as primeiras casas de S. Pedro, e o break começara a rolar n’aquellas estradas onde a cada momento elle a poderia encontrar. Tomara-o uma timidez, a que se misturava um laivo de orgulho, o receio melindrado de ser indiscreto, seguindo-a assim a Cintra, ainda que ella o não reconhecesse, indo installar-se sob as mesmas telhas, apoderando-se de um logar á mesma meza... E ao mesmo tempo repugnou-lhe a idéa de lhe ser apresentado pelo Damaso: via-o já, bochechudo e vestido de campo, a esboçar um gesto de ceremonia, a mostrar o seu amigo Maia, a tratal-o por tu, affectando intimidades com ella, cocando-a com um olho terno... Isto seria intoleravel.

— ­Vamos para o Nunes, que se come melhor!

Cruges não respondeu, mudo, enlevado, recebendo como uma impressão religiosa de todo aquelle esplendor sombrio de arvoredo, dos altos fragosos da serra entrevistos um instante lá em cima nas nuvens, d’esse aroma que elle sorvia deliciosamente, e do sussurro doce de aguas descendo para os valles...

Só ao avistar o Paço descerrou os labios:

— ­Sim senhor, tem cachet!

E foi o que mais lhe agradou — ­este macisso e silencioso palacio, sem florões e sem torres, patriarchalmente