OS MAIAS
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seu amigo Palma, ouvindo o nome conhecido de Carlos da Maia, quiz logo mostrar diante de um gentleman, que era um gentleman tambem. Arrojou para longe o guardanapo, arredou para fóra a cadeira; e de pé, estendendo a Carlos os dedos molles e de unhas roidas, exclamou, com um gesto para os restos da sobremeza:

— ­Se. v. ex.ª é servido, é sem ceremonia... Que isto quando a gente vem a Cintra, é para abrir o appetite e fazer bem á barriga...

Carlos agradeceu, e ia retirar-se. Mas Cruges, que se animava e gracejava com a Lolla, fez tambem do outro lado da meza a sua apresentação:

— ­Carlos, quero que conheças aqui a lindissima Lolla, relações antigas, e a señorita Concha, que eu tive agora o prazer...

Carlos saudou respeitosamente as damas.

O mulherão da Concha rosnou seccamente os buenos dias: parecia de mau humor, pesada do almoço, amodorrada para alli, sem dizer uma palavra, com os cotovellos fincados na meza, os olhos pestanudos meio cerrados, ora fumando, ora palitando os dentes. Mas a Lolla foi amavel, fez de senhora, ergueu-se, offereceu a Carlos a mãosita suada. Depois retomando o cigarro, dando um geito ás pulseiras de ouro, declarou com um requebro d’olhos, que conhecia de ha muito Carlos...

— ­No ha estado ustêd con Encarnacion?

Sim, Carlos tivera essa honra... E que era feito d’ella, d’essa bella Encarnacion?