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OS MAIAS

Isso é que tem originalidade e cachet! Não é verdade, Alencar?...

— ­Eu vos digo, filhos, começou o auctor de Elvira, historicamente fallando...

— ­E eu tenho de comprar as queijadas, murmurou Cruges.

— ­Justamente! exclamou Carlos. Tens ainda as queijadas; é necessario não perder tempo; a caminho!

Deixou os outros ainda indecisos, abalou para o palacio, em quatro largas passadas estava lá. E logo da praça avistou, saindo já o portão, passando rente da sentinella, a famosa familia hospedada na Lawrence e a sua cadellinha de luxo. Era, com effeito, um sujeito de barba preta, e de sapatos de lona branca; e, ao lado d’elle, uma matrona enorme, com um mantelete de seda, cousas de ouro pelo pescoço e pelo peito, e o cãosinho felpudo ao collo. Vinham ambos rosnando o quer que fosse, com mau modo um para o outro, e em hespanhol.

Carlos ficou a olhar para aquelle par com a melancolia de quem contempla os pedaços d’um bello marmore quebrado. Não esperou mais pelos outros, nem os quiz encontrar. Correu á Lawrence por um caminho differente, avido de uma certeza: — ­e ahi, o criado que lhe appareceu, disse-lhe que o sr. Salcede e os srs. Castro Gomes tinham partido na vespera para Mafra...

— ­E de lá?...

O criado ouvira dizer ao sr. Damaso que de lá voltavam a Lisboa.