OS MAIAS
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— ­Damaso, tu não me comprehendeste. Eu não te quiz fazer zangar... É para teu bem... O que eu receava é que tu, imprudente, arrebatado, apaixonado, fosses perder essa bella aventura por uma indiscrição...

E o outro ficou logo contente, sorrindo já, abandonando-se ao braço do seu amigo, certo que o desejo do Maia era que elle tivesse uma amante chic. Não, elle não se tinha zangado, nunca se zangava com os intimos... Comprehendia bem que o que Carlos dizia era por amisade...

— ­Mas tu, ás vezes, tens essa cousa que te pegou o Ega, gostas do teu bocadinho de espirito...

E então tranquillisou-o. Não, por imprudencia não havia elle de «perder a cousa». Aquillo ia com todas as regras. Lá n’isso sobrava-lhe experiencia. A Melanie já a tinha na mão; já lhe dera duas libras.

— ­Isto de mais a mais é uma cousa muito seria... Ella conhece meu tio, é intima d’elle desde pequena, tratam-se até por tu...

— ­Que tio?

— ­Meu tio Joaquim... Meu tio Joaquim Guimarães. Mr. de Guimaran, o que vive em Paris, o amigo de Gambetta...

— ­Ah sim, o communista...

— ­Qual communista, até tem carruagem!

Subitamente lembrou-lhe outra cousa, um ponto de toilette em que queria consultar Carlos.

— ­Ámanhã vou jantar com elles, e vão tambem dois brazileiros, amigos d’elle, que chegaram ahi ha