OS MAIAS
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— ­Ir agora á quinta, aos Olivaes? disse Carlos, olhando o relogio.

— ­Se és meu amigo, Carlos!...

Carlos immediatamente, sem chamar o Baptista, acabou de se vestir.

Ega, no entanto, ia preparando uma chavena de chá, deitando-lhe rhum, ainda tão nervoso, que mal podia segurar a garrafa. Depois, com um grande suspiro, accendeu uma cigarrete. Carlos entrára na alcova de banho, ao lado, allumiada por um forte jacto de gaz que assobiava. Fóra, a chuva continuava seguida e monotona, as goteiras escoavam-se no chão molle do jardim.

— ­Achas que a tipoia aguentará? perguntou Carlos de dentro.

— ­Aguenta, é o Canhôto, disse Ega.

Agora reparara no dominó, fôra erguel-o, examinava-lhe o setim rico, o bello laço azul claro. Depois, tendo encontrado diante de si o grande espelho-psyché, entalou o monoculo no olho, recuou um passo, contemplou-se d’alto a baixo; — ­e terminou por pousar uma das mãos na cinta, appoiar a outra, galhardamente, sobre os copos da espada.

— ­Eu não estava mal, oh Carlos, hein?

— ­Estavas explendido, respondeu o outro de dentro da alcova. Foi pena estragar-se tudo... Como estava ella?

— ­Devia estar de Margarida.

— ­E elle?

— ­A besta? De beduino.