OS MAIAS
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que a epiderme. Se ella, por qualquer cousa, tinha os olhos turvos d’agua, e fallava em morrer, e torcia os braços, e queria fugir com elle — ­então adeus! Tudo estava estragado; e a sr.ª condessa com a sua verbena, os seus cabellos côr de braza, e o seu pranto, era apenas um trambolho!

O chuveiro parara, um bocado d’azul lavado appareceu entre nuvens. E Carlos descia a rua de S. Roque — ­quando encontrou o marquez, sahindo d’uma confeitaria, tristonho, com um embrulho na mão, e o pescoço abafado n’um enorme cache-nez de seda branca.

— ­Que é isso? Constipação? perguntou Carlos.

— ­Tudo, disse o marquez, pondo-se a caminhar ao lado d’elle com uma lentidão de moribundo. Deitei-me tarde. Cançasso. Oppressão no peito. Pigarreira. Dôres no lado. Um horror... Levo já aqui rebuçados.

— ­Não seja piegas, homem! Você o que precisa é roast-beef e uma garrafa de Borgonha... Não é hoje que você janta lá no Ramalhete?... É, até tem lá o Craft e o Damaso... Então descemos por essa rua do Alecrim, que já não chove, depois pelo Aterro fóra, a passo gymnastico, e em chegando lá você está curado.

O pobre marquez encolheu os hombros. Apenas sentia o menor encommodo, uma dôr, um arrepio, considerava-se logo, como elle dizia, liquidado. O mundo começava a findar para elle: tomavam-no terrores catholicos, uma preoccupação angustiosa da Eternidade. N’esses dias fechava-se no quarto com o padre capellão — ­com quem ás vezes, todavia, terminava por jogar as damas.