OS MAIAS
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gentleman duvida do juiz da corrida, faz um protesto! Mas vir dizer que ha ladrões, era só d’um canalha e d’um fadista, como elle, que nunca devia ter pertencido ao Jockey-Club! — ­O outro, agarrado pelos amigos, esticando o pescoço magro como para lhe morder, atirou-lhe um nome sujo. Então o Vargas, com um encontrão para os lados, abriu espaço, repuxou as mangas, berrou:

— ­Repita lá isso! repita lá isso!

E immediatamente aquella massa de gente oscillou, embateu contra o taboado da tribuna real, remoinhou em tumulto, com vozes de ordem e morra, chapéos pelo ar, baques surdos de murros.

Por entre o alarido vibravam, furiosamente, os apitos da policia; senhoras, com as saias apanhadas, fugiam atravez da pista, procurando espavoridamente as carruagens; — ­e um sopro grosseiro de desordem relles passava sobre o hyppodromo, desmanchando a linha postiça de civilisação e a attitude forçada de decoro...

Carlos achou-se ao pé do marquez, que exclamava, pallido:

— ­Isto é incrivel, isto é incrivel!...

Carlos, pelo contrario, achava pittoresco.

— ­Qual pittoresco, homem! É uma vergonha, com todos esses estrangeiros!

No entanto a massa de gente dispersava, lentamente, obedecendo ao official de guarda, um moço pequenino mas decidido, que, em bicos de pés, aconselhava para os lados, n’uma voz de orador, «cava-