OS MAIAS
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de lavradeira dava de mamar a uma creança cheia de rendas. Dous garotos esganiçados passeavam bilhas d’agua fresca.

Carlos descia da tribuna, sem ter descoberto o Damaso — ­quando deu justamente de frente com elle, dirigindo-se para a escada, affogueado, flamante, na sua famosa sobrecasaca branca.

— ­Onde diabo tens tu estado, creatura?

O Damaso agarrou-o pelo braço, alçou-se em bicos de pés, para lhe contar ao ouvido que tinha estado do outro lado com uma gaja divina, a Josephina do Zalazar... Chic a valer! lindamente vestida! parecia-lhe que tinha mulher!

— ­Ah, Sardanapalo!...

— ­Faz-se pela vida... Volta cá acima á tribuna, anda. Eu ainda hoje não pude cavaquear com o high-life!... Mas estou furioso, sabes? Implicaram com o meu veo azul. Isto é um paiz de bestas! Logo troça, e olhe não creste a pelle, e onde mora, ó catitinha? e chalaça... Uma canalha! Tive de tirar o veo ... Mas já resolvi. Para as outras corridas venho nú. Palavra, venho nú! Isto é a vergonha da civilisação, esta terra! Não vens d’ahi? Então até já.

Carlos deteve-o.

— ­Escuta lá homem, tenho que te dizer... Então, essa visita aos Olivaes?... Nunca mais appareceste... Tinhamos combinado que fosses convidar o Castro Gomes, que viesses dar a resposta... Não vens, não mandas... O Craft á espera... Emfim um procedimento de selvagem.