OS MAIAS
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hein? Já se sabe, é elle quem governa... Mimos e mais mimos, naturalmente...

Mas o Teixeira muito grave, muito serio, desilludiu o sr. administrador. Mimos e mais mimos, dizia s. s.ª? Coitadinho d’elle, que tinha sido educado com uma vara de ferro! Se elle fosse a contar ao sr. Villaça! Não tinha a creança cinco annos já dormia n’um quarto só, sem lamparina; e todas as manhãs, zás, para dentro d’uma tina d’agua fria, ás vezes a gear lá fóra... E outras barbaridades. Se não se soubesse a grande paixão do avô pela creança, havia de se dizer que a queria morta. Deus lhe perdoe, elle, Teixeira, chegara a pensal-o... Mas não, parece que era systema inglez! Deixava-o correr, cair, trepar ás arvores, molhar-se, apanhar soalheiras, como um filho de caseiro. E depois o rigor com as comidas! Só a certas horas e de certas cousas... E ás vezes a creancinha, com os olhos abertos, a aguar! Muita, muita dureza.

E o Teixeira accrescentou:

— ­Emfim era a vontade de Deus, saiu forte. Mas que nós approvassemos a educação que tem levado, isso nunca approvámos, nem eu, nem a Gertrudes.

Olhou outra vez o relogio, preso por uma fita negra sobre o collete branco, deu alguns passos lentos pelo quarto: depois, tomando de sobre a cama a sobrecasaca do procurador, foi-lhe passando a escova pela gola, de leve e por amabilidade, em quanto dizia, junto ao toucador onde o Villaça acamava as duas longas repas sobre a calva: