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OS MAIAS

constantemente aos ataques do snr. Damaso. Não póde ser. Eu o que tenho pena é de não ter um pretexto! Mas tenl-o tu, aproveita, e esmaga-o!

Carlos encolheu vagamente os hombros:

— Merecia chicotadas, com effeito... Mas elle realmente só tem sido velhaco commigo por causa das minhas relações com essa senhora; e como isso é um caso acabado, tudo o que se prende com elle finda tambem. Parce sepultis... E no fim era elle que tinha razão, quando dizia que ella era uma intrujona...

Atirou uma punhada á mesa, ergueu-se, e com um sorriso amargo, n’um tedio infinito de tudo:

— Era elle, era o snr. Damaso Salcede que tinha razão!...

Toda a sua cólera revivera, mais aspera, a esta idéa. Olhou o relogio. Tinha pressa de a vêr, tinha pressa de a injuriar!...

— Escreveste-lhe? perguntou o Ega.

— Não, vou lá eu mesmo.

Ega pareceu espantado. Depois recomeçou a passear, calado, com os olhos no tapete.

Ia escurecendo quando Baptista voltou. Vira o snr. Castro Gomes apear-se no hotel e mandar descer as suas bagagens: — e a tipoia, para levar o menino aos Olivaes, esperava em baixo.

— Bem, adeus! disse Carlos procurando atarantadamente um par de luvas.

— Não jantas?

— Não.