OS MAIAS
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vez em quando uma boneca, e chamava-lhe mademoiselle Triste-cœur por causa do seu arzinho sisudo. Emfim a mamã mettera-a n’um convento ao pé de Tours — porque n’essa idade, apesar de cantar já ao piano as walsas da Belle Helène, ainda não sabia soletrar. Fôra nos jardins do convento, onde havia lindos lilazes, que a mamã se separára d’ella n’uma paixão de lagrimas; e ao lado esperava, para a consolar decerto, um sujeito muito grave, de bigodes encerados, a quem a Madre Superiora fallara com veneração.

A mamã ao principio vinha vêl-a todos os mezes, demorando-se em Tours dois, tres dias; trazia-lhe uma profusão de presentes, bonecas, bonbons, lenços bordados, vestidos ricos, que lhe não permittia usar a regra severa do convento. Davam então passeios de carruagem pelos arredores de Tours: e havia sempre officiaes a cavallo, que escoltavam a caleche — e tratavam a mamã por tu. No convento as mestras, a Madre Superiora não gostavam d’estas sahidas — nem mesmo que a mamã viesse acordar os corredores devotos com as suas risadas e o ruido das suas sêdas; ao mesmo tempo pareciam temel-a; chamavam-lhe Madame la Comtesse. A mamã era muito amiga do general que commandava em Tours, e visitava o bispo. Monsenhor, quando vinha ao convento, fazia-lhe uma festinha especial na face e alludia risonhamente a son excellente mère. Depois a mamã começou a apparecer menos em Tours. Esteve um