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OS MAIAS

— Por aqui, n’esta semsaboria... E então com demora?

— Umas semanas.

— Estás no Ramalhete?

— No Braganza. Mas não te incommodes, eu ando sempre por fóra.

— Pois sim senhor!... Eu tambem estive em Paris, ha tres mezes, no Continental...

— Ah!... Bem, estimei vêr-te, até sempre!

— Adeus, rapazes. Tu estás bom, Carlos, estás com boa cara!

— É dos teus olhos, Damaso.

E nos olhos do Damaso, com effeito, parecia reviver a antiga admiração, arregalados, acompanhando Carlos, estudando-lhe por traz a sobrecasaca, o chapéo, o andar, como no tempo em que o Maia era para elle o typo supremo do seu querido chic, «uma d’essas coisas que só se vêem lá fóra...»

— Sabes que o nosso Damaso casou? disse o Ega um pouco adiante, travando outra vez do braço de Carlos.

E foi um espanto para Carlos. O quê! O nosso Damaso! Casado!?... Sim, casado com uma filha dos condes d’Agueda, uma gente arruinada, com um rancho de raparigas. Tinham-lhe impingido a mais nova. E o optimo Damaso, verdadeira sorte grande para aquella distincta familia, pagava agora os vestidos, das mais velhas.

— É bonita?