OS SIMPLES
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Resa pelos mortos... resa á virgem pura...
Desde a sua infancia tão ditosa e bella,
Já d'essa choupana (como a noite é escura!)
Quantos tem partido para a sepultura,
Quantos tem ficado dentro d'alma d'ella!...
Dentro d'alma d'ella, triste campo santo,
Muitas almas vivem mortas a sonhar!...
Vivem mortas, mudas, n'um dorido encanto...
Nos seus olhos vitreos cristalisa o pranto,
Nos seus labios roxos fosforece o luar...
E essas almas fluidas que ella traz comsigo,
Talisman da crença, magico poder!
Frias como a neve vem do seu jasigo,
Vem sentar-se todas no logar antigo,
A chorar á roda do braseiro a arder!...