OS SIMPLES
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Eis as brasas mortas... Eil-o já converso
O castanheiro em cinza, em fumo vão, em luz...
Luz e fumo e cinza tudo irá disperso
Reviver na vida eterna do universo,
Circulo de enigmas, que ninguem traduz...
Sempre, sempre, sempre, cinza, fumo e chama
Viverão, morrendo a toda a hora... sempre!...
Nuvem que troveja, calix que enbalsama,
Planta, pedra, insecto, humanidade, lama,
Serão tudo, tudo!... inconcebivel!... Sempre!
Mas a alma, as almas quem as ha criado?
Qual a origem d'onde a sua essencia emana?...
Ah, em vão levanto o triste olhar magoado
Para os olhos d'ouro que do azul sagrado
Lançam as estrellas á miseria humana!...