OS VILHANCICOS : 63

Outro artificio estrófico se encontra nalgumas Arias, como nesta consagrada a Santa Cecília na sua festa de 1716, na Igreja de Santa Justa, em Lisboa:

Ia Cecilia
Por hermosa
Astro bello,
Luz ostenta,
Y gallarda,
Fenis siendo,
Del martyrio
De la muerte
De la tierra
Es del cielo
Flor perpetua
Astro eterno

Superior
sin igual.
flôr gentil,
Olores dá.
al fenecer,
singular,
en el rigor
en el afan
es bella flor,
astro immortal,
en el luzir,
en el brillar.

Eram autenticos quebra-cabeças artificiosos e despidos de qualquer valor poetico, mas neles refinavam os espíritos mais desempoeirados do século, como se provaria com êsse formoso espírito de D. Francisco Manoel de Melo, já citado.

As Arias, essas significavam, demais, a monomania da imitação de músicas cantadas quer nos Teatros da Côrte, quer nos populares. De lá derivaram e invadiram tudo e a tudo se imposeram ainda ao recinto sagrado das Igrejas.

Coplas, árias e arietas, estribilhos, bailos, seguidilhas (!) e toda essa flora estravagante e irrisória de música, que distraiam as multidões nos Pateos, onde se representavam as comédias