de que precisava, o exercito, o povo, os principes, o Papa, as mulheres, os artistas, e incapaz de fazer um sacrificio a uma mulher, ou de ter dó de um velho! Impede isso por acaso que a historia não deixe de reconhecer a grandeza excepcional do seu genio e a obra maravilhosa que executou, e que ainda está de pé, porque a verdade é que o organismo da França é hoje ainda o que elle construiu, e portanto o organismo da Europa continental tambem que por elle se modelou?[1] Ninguem pintou melhor o infante do que o sr. Oliveira Martins no seu admiravel livro Os filhos de D. João I:[2] duro, sem bondade, asceta do pensamento. E, se outra coisa fosse, poderia por acaso levar por deante uma obra em que era indispensavel a energia, a perseverança e a implacavel obstinação? Sympathicos são seus tres irmãos, D. Duarte, D. Pedro e D. Fernando, que o coadjuvam, que o admiram, que a elle se sacrificam. Mas D. Henrique é um solitario, como todos os que têem a allucinação de uma missão divina. Todo se abraza na embriaguez do mar, no sonho das vagas regiões longiquas, na procura da India, d’essa India triplice e maravilhosa, que, depois do livro de Marco Polo,
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