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tio no descobrimento do archipelago, Tristão Vaz Teixeira.[1] E acabemos por uma vez com a accusação que se nos fez de que nos limitámos a uma navegação costeira, e de que receiavamos sair para o mar alto! Como se pode dizer isso de um povo, cujos primeiros descobrimentos exactamente no mar alto é que se fazem, cujos coups d’essai são as viagens em que encontram a Madeira e sobretudo os Açores, cercados de um mar tempestuoso e terrivel, ainda hoje considerado como o de mais aspera educação para o marinheiro, e que estão mais avançados para o occidente do que a propria Islandia, essa ultima Thule, onde parou por tanto tempo amedrontada a navegação antiga?

Mas, percebe-se bem que, desde o momento que o fito das viagens portuguezas era chegar á India torneando a Africa, desde o momento que a geographia systematica dos antigos lhes dizia que logo abaixo de Marrocos principiava a Ethiopia, e que a costa logo fazia uma inflexão para léste; era essa volta da costa que elles sobretudo procuravam encontrar, e decerto não a encontravam abandonando a costa. E, comtudo, quantas vezes, fatigados d’essa investigação inutil, soltavam os nossos navegadores

  1. Tristão Vaz Teixeira, foi na grande expedição de 1445, de que fazia parte Soeiro da Costa. Alvaro Fernandes tornou-se celebre sobretudo pelo descobrimento da Serra Leôa.