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costas que o sol tambem aquecia e em que encontravam muitas vezes como que a reproducção das suas terras nataes? E não seria extranho tambem que Hannon tivesse feito a longa viagem que do seu Periplo se quer deduzir que fez, e que se apagasse completamente na memoria carthagineza o conhecimento das terras percorridas em tão memoravel expedição, preferindo tambem, ao que parece, esses filhos de paiz africano, as costas geladas e os mares tempestuosos da Europa ao clima quente e ao mar sereno da Africa Occidental?

O que é estranho realmente, é que o alto espirito de Humboldt acceitasse sem exame as pretenções dos Normandos, limitando-se a observar na sua Historia da geographia do Novo Continente que esses factos citados não diminuem a gloria de quem tentou a exploração seguida das costas africanas![1]Não viu o grande historiador, o immortal geographo, que esses factos isolados bastavam para destruir todas as lendas, que eram a chave com que ficava para sempre aberto o mar Tenebroso, que só se abriu comtudo radiante de luz deante dos esforços dos navegadores portuguezes, que bastavam para abrir o caminho para a terra antichtona, para o alter orbis, onde muitos diziam que ficava situado o Paraizo Terrestre, e que nós não poderiamos conhecer

  1. Tom. I, secção 1.ª, pag. 285.