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a esse respeito. Devemo-nos lembrar, porém, que Pedro Alvares Cabral não podia levar instrucções patentes e abertas que denunciassem intentos contrarios aos interesses da Hespanha. Lembremo-nos de que os reis catholicos tinham protestado abertamente contra o projecto de uma expedição portugueza para o occidente tentada por D. João II. Lembremo-nos de que, se a Hespanha prohibia com penas severas as expedições particulares e clandestinas para o lado que o governo estava explorando, não podia consentir que expedições identicas fossem tentadas por um governo estrangeiro. O governo portuguez tinha de se mostrar exclusivamente preoccupado com a navegação do Oriente pela Africa; se as suas esquadras aproveitavam as 370 leguas para se chegarem para o occidente era para evitarem as calmarias da Guiné, e nunca no intento de interferirem com as descobertas hespanholas, tanto assim que, apenas D. Manuel participa ao rei de Hespanha o descobrimento do Brasil, apressa-se a dizer-lhe que é terra muito boa e muito commoda para a navegação da India. Effectivamente o rei de Hespanha obtivera promessa positiva do rei de Portugal de que não tentaria navegar para o occidente, e tão positiva ella era que em cartas a Christovam Colombo declara el-rei D. Fernando, que era aliás bem desconfiado, que não havia motivo para desconfiar das intenções do rei de Portugal. Apesar de tudo estavam