Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/248

242

das Indias, a peninsula indostanica foi tambem reintegrada na sua verdadeira fórma, o Cathay da narrativa semi-legendaria de Marco Polo appareceu na figura extranha d’essa China immobilisada, apesar de rica e sabia, o Cipango transformou-se no archipelago japonez, e as ilhas do meio-dia asiatico começaram a apparecer disseminadas nos mares como as pérolas dispersas de um collar que se despedaçasse. Foi essa a obra gigante dos Portuguezes.

Mas a elles tambem se devia o encontro de um novo posto de observação, de uma atalaya estimulante perdida no seio do Oceano. Como os Phenicios em Tyro, como o infante D. Henrique em Sagres, ia Colombo mais adeante sonhar mundos desconhecidos nos penhascos dos Açores. Era d’alli que via as caravelas de outros sonhadores como elle, a quem só faltava o genio e a perseverança, demandar alguma ilha mysteriosa para além do Oceano, ou os restos d’aquella mysteriosa Atlantida, que fôra um dos vagos sonhos da antiguidade. O alargamento da terra seguiu a sua ordem logica; os Phenicios chegavam de Tyro a Carthago, e desvendavam o Mediterraneo, de Carthago a Cadiz e descobriam o Atlantico, os Portuguezes de Sagres desvendavam o segredo do Oceano para o sul e chegavam ao Cabo da Boa Esperança, do Cabo da Boa Esperança quebravam o mysterio do mar oriental, e aportavam a