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quantas ilhas se applicou o nome de Taprobana, que nós affirmamos hoje que era Ceylão, quando muitas vezes a sua posição corresponde á de Sumatra, e quando outras vezes a collocava a geographia conjectural dos antigos no oriente das Indias![1]A que peninsulas tão diversas se attribuiu o nome de Aurea Chersoneso que arbitrariamente suppomos

  1. O mappa-mundi de 1417, conservado no palacio Pitti, por exemplo, indica duas Taprobanas, Ceylão e Sumatra. Quando não era Sumatra exclusivamente Taprobana, era a uma das duas ilhas que esse nome se dava. D. João de Castro no prologo do seu Roteiro de Lisboa a Goa, quando falla a El-Rei de Portugal nos dominios que tem, diz: «como Taprobana que os antigos criam ser outro mundo nouo, reconhece seu alto nome e lhe paga pareas» e accrescenta em nota: «Taprobana é agora chamada Samatra» a pag. 14. A essa Taprobana tambem se refere evidentemente Camões no seu famoso verso:

    Passaram inda além da Taprobana

    Tendo no tempo de Camões chegado os Portuguezes já ao Japão, era bem natural que, havendo a Taprobana-Ceylão e a Taprobana-Sumatra a esta ultima se referisse o grande poeta indicando o limite ultrapassado pelos Portuguezes. O famoso mappa da cathedral do Hereford colloca a Taprobana defronte do golpho Arabico. Prisciano no seu poema geographico põe a Taprobana no mar oriental juntamente com a ilha phantastica do Ouro. No tratado De moribus brachmanorum que se attribue a S.ᵗᵒ Ambrosio citado por Klaproth na sua Lettre sur la boussole, pag. 53, põe-se a Taprobana em Ceylão, ilha que tem magnetes que attrahem os navios que teem pregos de ferro e não os deixa mover. N’alguns mappas da edade média põe-se a Taprobana deante da bocca do Ganges