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zona torrida o reduz a uma brazeira.[1] S.ᵗᵒ Izidoro de Sevilha sustenta egualmente a existencia da terra antichthona onde habitam os antipodas, se não são fabulosos.[2] Bedo o Veneravel, que tem a sua theoria cosmographica exposta pittorescamente pela comparação do ovo, que vê a terra collocada no meio do mundo como a gemma, a agua em torno como a clara, o ar como a membrana e o fogo como a casca, tambem apresenta a doutrina da terra antichthona separada da nossa pela zona inhabitavel.[3] S. Virgilio imagina que o alter orbis tem outra lua, outro sol e outras estações.[4] Raban Mauro, que falla nos basiliscos fabulosos, e nas Gorgonas cabelludas e phantasticas, tambem indica a terra antichthona separada pelo ardor do sol[5]; Alfrico, Moysés de Choréne, Pedro des Vignes, o famoso Pedro d’Ailly, Marino Sanuto, Nicolau d’Oresme e quantos outros estabelecem e proclamam esta doutrina que é a que tem um caracter scientifico. Quando o mundo christão entra em relações

  1. Orosio, Ormesta mundi.
  2. Santo Isidoro de Sevilha, De Lybia.
  3. Bedo, De Elementis Philosophiæ, tom. IV, pag. 225. — «... Pars enim illius torridæ parti aeris subjecta, ex fervore solis torrida est et inhabitabilis, etc.»
  4. S. Virgilio, bispo de Saltzburgo. Veja-se a este respeito a Historia litteraria de França, tom. IX, p. 156.
  5. Raban Mauro de Moguncia, De Universo.