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A nação brazileira symbolisou neste facto a consagração das tradições monarchicas. A dynastia imperial recebeu mais uma confirmação de sua perpetuidade. O povo exultou com este acontecimento, e a sua alegria foi verdadeira porque era originada na consciencia intima de sua propria felicidade.

Pouco tempo permittio, porém, o destino que os dous jovens consortes gozassem no remanso da paz os seus primeiros dias de amoroso jubilo.

Tendo partido para Europa, logo depois de unidos pelos laços matrimoniaes, e percorrido as principaes cortes européas com o acolhimento e a cordial sympathia que por toda a parte despertava o par augusto, regressou S. A. Imperial e S. A. o Sr. Conde d’Eu a esta capital, no momento em que os acontecimentos da guerra do Paraguay e o estado tumultuario em que se achava a provincia do Rio-Grande reclamavão a presença de S. M. o Imperador no theatro da guerra, onde o devião acompanhar, como realmente succedeu, seus augustos genros.

Nomeado marechal do exercito, e ao lado do Sr. D. Pedro II, desempenhou S. A. o Sr. Conde d’Eu com intrepidez e honra as funcções de seu elevado cargo, partilhando muitas vezes com o augusto chefe do Estado as inclemencias e os transtornos de uma digressão tão longa, quanto espinhosa e arriscada.

Em todas as peripecias desta viagem e desta parte dos acontecimentos da campanha do Sul deu sempre S. A. o Sr. Conde d’Eu as mais significativas provas de sua coragem, resignação em presença das privações, esforço e animo para supplantar a adversidade e os contratempos, bom senso e sangue frio nunca desmentidos, e finalmente dessa discrição e acerto que são os dotes apurados das organisações escolhidas.

Voltando de novo com seu augusto sogro á capital do imperio, depois da gloriosa rendição de Uruguayana, voltou de novo o principe aos braços da joven e idolatrada herdeira da corôa do imperio, indo residir para o seu palacio das Larangeiras, onde actualmente habita.

Continuando a desempenhar os deveres de sen elevado posto, tem S. A. mostrado-se solicito no bem publico e incansavel em acompanhar o Imperador nas suas quotidianas visitas as fortificações, arsenaes, navios de guerra e estabelecimentos publicos da capital, onde a sua presença e dedicação podem concorrer para animar os trabalhos e dar incremento aos melhoramentos materiaes e moraes da côrte.

Taes são os factos que em poucas palavras resumimos ácerca dos dados chronologicos da vida ainda tão juvenil de S. A. o Sr. Conde d’Eu. Conta apenas 23 annos de idade. E’ condecorado com todas as ordens do imperio e muito perito nas artes militares.

Estas linhas não encerrão, pois, uma biographia; são apenas o preludio esperançoso de uma epopea do futuro.


E. Zaluar.