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Eu que ſevéra á viſta de meus olhos
Teus brincos infantís fiz tantas vezes
Que enſaios foſſem do futuro esforço...
Se conſultar os Deoſes permettido
Hoje me foſſe ao menos!... mas cativa
Longe de mim s'agita o furor ſacro...
Sinto rumor... Oh! Ceos! ao peito as forças
Recolher procuremos: Nãõ me veja
No ſemblante ſignaes do mal acérbo. [1]

 
SCENA VIII.
 
ELEDIA, e LUCIO conduzindo OSMÎA, que vem em traje Romano. [2]
 

Oſmîa. [3] QUe differença ! Oh! Ceos ! e que improviſo
Rubor me cobre o roſto... Eledia amiga...

Eledia. Suſpirada Princeza... [4] mas que vejo?...
Engano-me talvez?

Oſmîa. [5] Naõ; naõ te enganas,
A tua trifte Oſmîa tens preſente.

Eledia. E nao ha huma cova, hum novo abiſmo
Onde Eledia s'eſconda? Agora vejo
Porque os Deoſes aſſim nos deſemparaõ.

Oſmîa. Cara Eledia, primeiro que te indignes,
De mim tem compaixaõ. Ah! do conforte

Se

  1. Affaſta-ſe para o fundo do Theatro enxugando o pranto, e ſem dar attençaõ ao que ſe paſſa, ſó volta quando Oſmîa a chama.
  2. Lucio entrando no Theatro com Oſmîa, lhe moſtra Eledia, e parte para o campo.
  3. Oſmîa dando alguns paſſos no Theatro, fica obſervando Eledia, e depois de combinar os trajes, s'apreſſa para abraçalla.
  4. Voltando com ternura, fica ſuſpenſa, como que deſconhece Oſmîa.
  5. Oſmîa com brandura. Eledia ſempre com indignaçaõ, e altivez.